Simon Schwartzman
Publicado em Dados - Revista de Ciências Sociais, 6, 1969, 24-56. Agradeço os comentários, críticas e sugestões de Bolivar Lamounier e Antônio Octávio Cintra, que foram incorporados tanto quanto possível no corpo do artigo e suas notas (os comentários e sugestões de A O. Cintra se refletem, principalmente, nas notas 4, 7, 9 e 22). Desnecessário dizer que a responsabilidade do autor pelo artigo não diminuiu com a ajuda recebida. Agradeço também os comentários e observações de Peter McDonough, que limitações de tempo me impediram de incorporar de forma adequada.Quadro 1 - Tipologia de participação Política | |||
Participação expressiva | interesse em: | ||
inputs | outputs | ||
1. Não participação | não | não | não |
2. Participação simbólica | sim | não | não |
3. Súditos | não | não | sim |
4. "Sistema patrimonial" | não | sim | não |
5. Populista | sim | não | sim |
6. Mobilização | sim | sim | não |
7. "Competência" | não | sim | sim |
8 - "alta participação" | sim | sim | sim |
Quadro 2 - Quanta participação é permitida? | ||
para grupos específicos | para a sociedade como um todo | |
Que questões estão abertas à barganha política? | (que grupos podem barganhar) | (que questões são definidas como "privadas" ou "técnicas"?) |
qual a amplitude da gama de alternativas? | (que grupos podem decidir sobre que aspectos?) | (qual a gama total de alternativas?) |
controle | (qual a probabilidade para um dado grupo de ser sancionado por comportamento desviante?) | (qual a extensão do aparelho de coerção?) |
severidade de controle | (que grupos são mais suscetíveis de repressão?) | (qual o nível geral de violência no sistema?) |
relevância | (qual a relevância das questões abertas a barganha para um dado grupo?) | (em que medida a vida política e percebida como relevante na sociedade?) |
Sistemas políticos abertos
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sistemas políticos fechados
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Institucionalizados | I (democráticos) | II (autocráticos) |
não-institucionalizados | III (consociacionais) | IV (pretorianos) |
Sistemas políticos abertos
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sistemas políticos fechados
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Institucionalizados | I (democráticos) | II (autocráticos) |
não-institucionalizados | III (consociacionais) | IV (pretorianos) |
a. os dois tipos de analise trabalham com relações entre variáveis, mas, enquanto a análise indutiva (ou correlacional) busca probabilidades de existência de uma relação hipotetizada, a análise sistêmica busca a probabilidade de manutenção (ou ruptura) de uma relação existente. A análise sistêmica aplica assim, para um caso particular, as generalizações obtidas pela análise indutiva.
b. a análise indutiva busca determinar a existência de variáveis logicamente interconectadas e que empiricamente tendam a se associar - é o que denomina "teoria" - enquanto que a análise sistêmica busca a especificação das variáveis de um conjunto empírico dado - é o que denomina "modelo". A teoria é buscada assim "de baixo para cima," partindo-se de variáveis isoladas, enquanto que o modelo é construído "de cima para baixo", a partir do sistema que se queira analisar.O drama da teoria indutiva em ciências sociais é que ela dificilmente passa do nível do interrelacionamento de poucas variáveis à elaboração de teorias mais complexas. O drama da análise sistêmica é que ela dificilmente consegue chegar a um nível de abstração suficiente para transcender à descrição casuística de um sistema dado. A análise sistêmica busca explicar o funcionamento de um conjunto de variáveis determinado a partir de suas compatibilidades e tensões, mecanismos de auto-regulação e controle, pontos de ruptura, etc. Daí que a análise sistêmica tenda a ser histórica (pois os sistemas mudam através do tempo) e muitas vezes ligada ao jurídico, já que as formas legais dão sempre uma primeira aproximação à estrutura de relacionamento em um sistema complexo. A análise indutiva, ao contrário, busca tipicamente a existência de regularidades, e por isto tende à historicidade. As relações entre os dois tipos de abordagem podem ser pensadas em termos de que cada uma parte de um extremo do continuo entre o geral e o específico e tratam de encontrar-se no meio. Fenômenos como o de mobilização social, variações de opinião pública, etc., são suficientemente gerais e bem caracterizados para serem passíveis de análise indutiva clássica, enquanto que transformações de sistemas de poder se referem a conjuntos muito mais complexos de variáveis que só precariamente se reduzem à combinatória de variáveis simples (o que, apesar disso, somos levados a fazer o tempo todo). Esforços de traduzir características de governo e sistemas políticos a variáveis simples são, geralmente, um fracasso, quando tratam de passar do nível heurístico para o de análise correlacional propriamente dita. Veja, como exemplo recente, o Cross Polity Survey, de Banks e Textor. cf. Karl w. Deutsch, The Nerves of Government (Glecoe: The Free Press, 1963; Banks e Textor, The Cross Polity Survey (Cambridge: MIT Press, 1963) e Simon Schwartzman, "The Gift of Eternal Youth: an essay on the maturation of Social Sciences", publicação interna do Departamento de Ciência Política da UFMG, 1968 (a sair em América Latina, 1970) a respeito da teorização científica em ciências sociais a partir da perspectiva Lazarseld - Merton.
correlação das atitudes dos eleitores com: | ||
A percepção que os deputados têm das atitudes de seus eleitores | A atitude dos deputados | |
Questões de bem-estar social | 0.17 | 0.21 |
Questões de envolvimento internacional | 0.19 | 0.06 |
Direitos civis | 0.63 | 0.39 |