Primeiro Reinado: 1822 - 1839
Institucionalização Produção Científica
1822 José de Sá Bittencourt Câmara oferece ao ministro José Bonifácio de Andrada e Silva uma Memória Mineralógica do Terreno Mineiro da Comarca de Sabará.
Wilhelm Ludwig von Eschwege publica seu Geognosfisches Gemälde von Brasilien, em que descreve os vários terrenos de Minas Gerais.
1823-31 Publicado em Munique Reise in Brasilien, de Johan Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius, resultado de suas viagens pelo Brasil entre 1817 e 1820. Quase simultaneamente publicam Nova Genera et Species Plantarum Brasiliensis, sua Historia Naturalis Palmarium, cujo último volume sai em 1850, e Icones Selectae Plantarum Cryptogamicarum.
1824 Criação, no Museu Nacional, do primeiro Laboratório de Física e Química, organizado pelo seu diretor João da Silva Caldeira, médico-químico formado em Edimburgo e tendo trabalhado em Paris com Vauquelin, Laugier e o mineralogista Hauy. Nesse Laboratório eram ministradas as primeiras aulas práticas de física e química das escolas médicas e militares do Rio. O Laboratório eclipsou entre 1866-74 (gestão Freire Alemão). Retoma impulso com Ladislau Neto (1874-93). A partir de meados do século, franqueado, por ordem do imperador, ao chefe da Polícia da Corte para análises médico-legais. 1824 O preceptor de D. Pedro II, frei Pedro de Santa Mariana, publica pela Tipografia Nacional o folheto Memória sobre a Identidade dos Produtos que resultarão dos mesmos fatores diversamente multiplicados entre si. Embora visivelmente incorreto, representa uma das primeiras tentativas de pesquisa matemática no país.
Criada, no Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, a cátedra de Farmácia, regida por Manuel Joaquim Henriques de Paiva, existindo já a partir de 1820 de modo irregular.
1824-29 O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na gestão de frei Leandro do Sacramento, passa a assumir características de estabelecimento científico.
1825 – Publicado por Silveira Caldeira o primeiro compêndio sobre assuntos químicos escrito no Brasil: Nova Nomenclatura Chimica Portuguesa, Latina e Franceza (Rio de Janeiro, Tip. Imperial e Nacional).
Publicado em Londres Wanderings in South America, de C. Waterton, biólogo, contemporâneo de Swainson em Pernambuco (1816-1817).
1825-29 Viagem pelo Brasil do naturalista inglês William John Burchell, resultando em rico herbário de 50 mil exemplares, incorporado em 1863 ao herbário de Kew. Suas descrições, no entanto, ficaram inéditas. Além disso, enquanto astrônomo, fez inúmeras observações, entre outras, sobre a variabilidade de certas estrelas.
1825-80 Presença no Brasil de Peter Wilhelm Lund, naturalista dinamarquês, que fixa residência a partir de 1833 em Lagoa Santa (Minas). No seu período mais produtivo (1825-48), autor de inúmeras publicações na área paleontológica, zoológica, biológica e botânica, entre as quais A Fauna Extinta das Cavernas e Sur 1'Antiquité de la Race Americaine. Contato obrigatório para inúmeros cientistas, entre eles J. Reinhardt, Riedel, Peter Claussen e principalmente Eugenius Warming, que publica sua famosa obra A Lagoa Santa e é considerado o pai da fitoecologia.
1826 Publicado em Paris, pela Imprimerie Royale, o trabalho de Roussin Le Pilote du Brésil, com cartas pormenorizadas e precisas do litoral brasileiro, resultado dos documentos colhidos durante a expedição hidrográfica francesa de 1819-20.
Permanência no Brasil do médico-naturalista genovês Libero Badaró, que se dedicou especialmente aos estudos botânicos das convolvuláceas e filicínias.
1827 O Museu Nacional recebe pela primeira vez uma coleção de museu estrangeiro, no caso o de Berlim. Esta coleção ornitológica era uma retribuição de dezessete caixas com objetos naturais enviados daqui dois anos antes. 1827-31 Publicados dois volumes de Plantarum Brasiliae Icones et Descriptiones, de Johann Emmanuel Pohl, médico naturalista que esteve entre nós de 1817 a 1821, participando da missão científica austríaca.
O governo imperial decide criar um Observatório Astronômico no Rio de Janeiro, ligado à Academia Real Militar, para orientar os estudos geográfico-geodésico-astronômicos do país, sem efeitos práticos, no entanto. Somente em 1848, após receber seus regimentos definitivos, iniciam-se efetivamente os trabalhos.
1831-32 Poeppig se dedica especialmente ao estudo da flora amazônica, tentando completar as observações fitogeográficas de Von Martius, descobrindo espécies novas, basicamente de orquídeas, publicadas em Nova Genera ac Species Plantarum quas in Regno Chilensis, Peruviano et in Terra Amazonica ab Annis 1827-32 et cum Sfephano Endlicher Descripsit Iconibusque Iliustravit.
1832 Segunda reforma do ensino médico, transformando os cursos de medicina da Bahia e do Rio em escolas ou faculdades de medicina, aumentando o curso de cinco para seis anos, com catorze catedráticos em três seções: ciências acessórias, médicas e cirúrgicas, e dando grande autonomia à congregação. Aparentemente nunca foi realmente implementada. 1832 Publicado em Viena Viagem no Interior do Brasil, de Johann Emmanuel Pohl, que, além dos estudos botânicos, fez pesquisas geológicas nos estados do Rio de Janeiro, Minas, Goiás, Mato Grosso, nos anos 1817-21.
Criação do curso de Farmácia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Presença no Brasil de Charles Darwin, naturalista inglês, participante da expedição científica com o navio "Beagle". Passagem pelas ilhotas São Pedro e São Paulo (16-2) pela Bahia e pelo Rio de Janeiro (de 4-4 a 5-7).
É criada a cadeira de Física nos cursos médicos do país. Ultima e mais prolongada das três permanências de Gaudichaud no Rio de Janeiro, sendo a primeira de dois meses, em 1817, e a segunda também curta, em 1820. Na última, estudou principalmente plantas medicinais. Incumbido pelo governo brasileiro de classificar o herbário do Museu Imperial, em troca das duplicatas, tendo levado as melhores.
Primeira tentativa de criação de uma Escola de Minas, em Vila Rica (Ouro Preto), por lei expedida pela Regência. Ficou, no entanto, sem efeito prático. Wilhelm Ludwig von Eschwege publica em Berlim Beiträge zur Gebirgskunde Brasiliens, contendo suas observações colhidas no Brasil em termos geológicos.
Reunidas, numa só instituição, a Academia de Marinha e a Academia Imperial Militar, antiga Academia Real Militar, com novo regulamento, incomparavelmente inferior ao anterior. No ano seguinte, as duas academias se separam novamente. Cândido Batista de Oliveira publica seu Compêndio de Aritmética, uma das primeiras obras didáticas produzidas no país para uso nas escolas primárias e em que se faz um apelo para a adoção legal do sistema métrico.
1833 Separadas novamente as Academias da Marinha e a Imperial Militar, após somente um ano de fusão. 1833 Publicado em Berlim, pela G. Reimer, o Pluto Brasiliensis: eine Reihe von Abhandiungen über Brasiliens Golddiamantes und anderen mineralischem Reichtum (...), de Von Eschwege, contendo os principais resultados de suas pesquisas no Brasil, no âmbito da geologia, mineralogia e metalurgia.
É concedida permissão aos civis de freqüentar os cursos da Academia Real Militar, conjuntamente com os militares. Publicadas no Rio de Janeiro, pela Tipografia Imperial e Nacional, as Lições de Chimica e Mineralogia, de frei Custódio Alves Serrão, consideradas o primeiro tratado (e não compêndio) da matéria, tendo o autor recorrido a autores ingleses e germânicos.
1834-47 Publicada na França Voyage dans 1'Amérique Meridional, em sete volumes, como resultado da expedição francesa de Alcides d'Orbigni, entre 1826 e 1832, na região centro-ocidental.
1835 Criado em São Paulo o Gabinete Topográfico, por Rafael Tobias de Aguiar, prevendo uma escola de "engenheiros de estradas". Esta chegou a,funcionar durante dois anos (1836-38). Reaberta em 1842 com 23 alunos, extinguiu-se em 1849.
1835-81 Publicação do Auxiliador da Indústria Nacional, "ou coleção de memórias e notícias interessantes aos fazendeiros, fabricantes, artistas e classes industriais do Brasil, tanto originais, como traduzidas das melhores obras que neste sentido se publicam nos Estados Unidos, França, Inglaterra, etc." Até 1881 tinham-se publicado 48 volumes. Era órgão oficial da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, fundada em 1825 pelo abastado negociante Inácio Álvares Pinto de Almeida.
1836 Começa a ser montado, com material trazido da Europa por Manuel Rodrigues da Silva, o Laboratório de Química da Escola de Medicina do Rio. 1836 De Raimundo José da Cunha Matos, publicada no Rio de Janeiro a Chorographia Histórica da Província de Goyas, datada de 1824, em dois volumes. No mesmo ano e lugar aparece do mesmo autor o Itinerário do Rio de Janeiro ao Pará e Maranhão (...).
Segunda visita de Charles Darwin ao. Brasil. Passa por Bahia e Pernambuco.
1836-41 Permanência no Brasil do botânico inglês Gardner, coletando material nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Ceará, Piauí, Goiás e Minas, levando consigo um herbário de 6 mil espécies, muitas de regiões não percorridas por Spix e Von Martins, contribuindo por isso com muitas espécies e descrições novas para a Flora Brasiliensis. Desta viagem resultou a publicação da obra Viagem ao Brasil.
1837 -. Por decreto de Bernardo Pereira de Vasconcelos, regente interino, é criado no Rio de Janeiro o Colégio D. Pedro II, a partir de uma reforma radical do Seminário de São Joaquim, transformando-o em instituto de ensino secundário. Entre seus primeiros professores: Justiniano José da Rocha, Joaquim Caetano da Silva, Manuel Araújo Porto Alegre e Gonçalves de Magalhães. 1837 Publicado no Rio de Janeiro o Compêndio para o Curso de Chimica da Escola de Medicina do Rio de Janeiro, de Joaquim Vicente Torres Homem, formado em medicina, ciências físicas e naturais em Paris e primeiro catedrático de Química e Mineralogia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
A Revista Médica do Rio de Janeiro publica algumas séries de observações meteorológicas feitas por Freire Alemão.
1838 Aprovados os estatutos do Colégio D. Pedro II, que entre outros determinava fosse concedido o título de bacharel em letras a quem terminasse o curso, que o dispensava de exames para entrar nas academias. 1838 Ezequiel Correia dos Santos (1801-64) obtém a pereirina das cascas do Geissospermum vellosii.
Criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro. Contava com apoio do imperador, que pessoalmente presidiu inúmeras seções, fazia-lhe doações e, pouco antes de sua morte, em 1891, legou-lhe sua biblioteca particular e uma coleção preciosa de retratos, gravuras e mapas antigos. Publicada por Pedro d'Alcântara Bellegarde, no Rio de Janeiro, a obra para fins didáticos Compêndios de Matemáticas Elementares.
1839 Início da publicação da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de aparecimento regular. A Sociedade Literária do Rio de Janeiro manda imprimir a sua custa uma nova edição dos Elementos de Geometria, de Francisco Vilela Barbosa, publicados pela primeira vez em 1815.
A Academia Real Militar do Rio de Janeiro passa a denominar-se Escola Militar, sendo submetida a um rigoroso regime de disciplina militar, que tornou os cursos pouco atrativos para civis.
Fundação da Escola de Farmácia de Ouro Preto, Minas Gerais, a mais antiga do Brasil. Um ano depois foi anexada ao Colégio de Ouro Preto, tendo inicialmente dois professores. Sofreu no início animosidade tanto do governo central quanto provincial. Em 1854, incorporada ao Liceu Mineiro.