Estatísticas
da Pobreza Simon Schwartzman
Publicado pela Revista Brasileira de Estatística,
vol. 58, n. 209, Jan/ junho de 1997, pp. 7-18
O IBGE e a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina (CEPAL)
realizaram uma reunião em Santiago do Chile no início de maio de 1997 para
examinar o estado da arte na produção de estatísticas sobre pobreza em diversas
partes do mundo, e dar início a um "Grupo de Especialistas" (Expert
Group(1)) que deverá dar continuidade
a este trabalho, preparando recomendações que possam ser de utilidade para
os institutos de estatística e demais interessados na produção, análise
e uso de informações estatísticas a este respeito.
O tema da pobreza tem sido objeto de atenção cada vez mais intensa por parte
dos governos, organizações internacionais e, conseqüentemente, institutos
de estatística, que retomam, assim, uma tradição de estudos que foi importante
na Inglaterra do século XIX, mas que foi em grande parte substituída, nas
décadas seguintes, pelas estatísticas sobre emprego e desemprego(2).
O fenômeno da pobreza, naturalmente, sempre existiu, mas sua interpretação
tem variado muito ao longo do tempo(3). Tradicionalmente,
a condição de pobreza era entendida como algo natural, inevitável e inerente
a uma parte grande, se não a maior, da humanidade, mas só se tornava objeto
de preocupação de governantes e estudiosos dos fenômenos da economia e das
populações quando os pobres, de alguma forma, saiam ou eram arrancados de
sua situação de conformismo tradicional, e se transformavam em uma ameaça
à ordem constituída. A obsessão inglesa com o tema a partir da revolução
industrial, manifestada pela complexa legislação das "poor laws"
e o grande debate a ela associado, tem como origem os efeitos combinados
da grande expansão demográfica e o processo de esvaziamento dos campos que
jogaram milhares de pessoas nas cidades, em condições extremas de privação
e pauperismo. A grande discussão, até o século XIX, era se a pobreza era
uma questão moral, conseqüência da falta de ética de trabalho e sentido
de responsabilidade dos pobres, ou o efeito inevitável do desenvolvimento
da economia industrial e de mercado. Malthus, como é sabido, explicava a
pobreza pelo crescimento geométrico das populações, que não teria como ser
acompanhado pelo crescimento da produção de alimentos, e jogava a responsabilidade
da situação para os próprios pobres, que continuavam a procriar sem pensar
nas conseqüências. Outros autores explicavam a pobreza pela preguiça, falta
de caráter e excesso de bebida dos pobres. O termo lumpenproletariat
foi utilizado pelo próprio Marx para descrever o que ele considerava a escória
da revolução industrial, que não merecia os mesmos cuidados que os proletários,
estes sim merecedores de toda a atenção, como portadores do futuro da humanidade.
A suposição que se firmou nos países capitalistas mais desenvolvidos era
que todas as pessoas que quisessem poderiam encontrar trabalho. Mas Marx
já falara, no século XIX, sobre o "exército de reserva" que, ainda
que não se confundisse com o lumpenproletariat, seria uma característica
permanente da economia capitalista. Os ciclos econômicos destruíam empregos
de tempos em tempos, e a crise mundial de 1929 colocou milhões pessoas em
situação de pobreza, independentemente de seus valores morais e ética do
trabalho. O tema do desemprego começou a ganhar atenção cada vez maior,
primeiro como política social - os sindicatos reivindicavam, e os governos
acabavam concordando em criar mecanismos de compensação - e mais tarde como
coisa a ser medida e avaliada. Era necessário saber como andava o desemprego,
não somente para atender aos necessitados, mas também como um indicador
importante do próprio nível da atividade econômica. A diferença principal
entre os estudos de pobreza do século XIX e as estatísticas de desemprego
do século XX é que a pobreza era vista como uma característica das pessoas,
mesmo que elas pudessem eventualmente mudar, enquanto que o desemprego era
visto como um fenômeno estrutural temporário, ainda que em muitos casos
esta situação de curto prazo acabasse sendo, na prática, permanente. É assim
que a metodologia de mensuração do desemprego, desenvolvida pela Organização
Internacional do Trabalho e aplicada na maioria dos países do mundo, e inclusive
pelo IBGE, define o desempregado como alguém que faz parte da população
economicamente ativa mas que está, temporariamente, sem trabalho e buscando
ativamente uma alternativa, excluindo, desta forma, as pessoas que estão
fora do mercado de trabalho de forma permanente.(4)
Fora dos países industrializados a pobreza continuou existindo em grande
escala e em muitos casos se agravando, mas não foi nestes países que os
modernos sistemas de estatísticas públicas se desenvolveram. Na América
Latina, nos anos 50 e 60, o tema da pobreza ressurgiu sob o rótulo de estudos
sobre "marginalidade", sobretudo em organizações acadêmicas ou
voltadas para a mobilização popular(5), em três vertentes principais. Uma, de inspiração
marxista, tratava de interpretar os fenômenos de pobreza em termos do conceito
de "exército industrial de reserva". Os pobres da América Latina,
que se deslocavam em grandes números dos campos para as cidades, repetindo
de alguma forma, séculos depois, a transição demográfica da revolução industrial
européia, seriam uma criação do próprio capitalismo, que dependeria de sua
existência para manter seus altos níveis de lucro e exploração. A premissa
não estava de todo errada, já que, de fato, a explosão demográfica, a introdução
de técnicas modernas de produção agrícola e a geração de empregos nas cidades
de fato explicavam a grande expansão da pobreza urbana, que tornava mais
visível, e potencialmente mais explosiva, a tradicional pobreza rural.(6)
(a dúvida era se a implantação de uma ordem socialista conseguiria reverter
este processo.) A outra vertente dos estudos de marginalidade era a vertente
católica, que se confundia em parte com a marxista, mas tinha um tom muito
mais claramente ético e moral. A pobreza era vista como produto da exploração,
não de um sistema econômico impessoal, mas de classes dominantes gananciosas
e desprovidas dos dons da caridade e da solidariedade. A mensuração da pobreza
eqüivaleria à mensuração dos níveis de iniquidade e injustiça existentes
em uma sociedade, a serem reduzidos pelo arrependimento dos ricos e a mobilização
dos pobres. Uma terceira vertente vinha do norte, sobretudo dos Estados
Unidos, e interpretava o que ocorria em termos culturais. A pobreza era,
nesta perspectiva, sobretudo uma questão de atraso cultural ou psicológico,
que fazia com que as pessoas não tivessem iniciativa, não fizessem uso de
seus recursos, e não buscassem melhorar de vida. O processo de modernização
que se espalhava do Norte para o Sul, e do Ocidente para o Oriente, era
visto sobretudo como um processo de difusão de valores e atitudes, a serem
transportadas pelos meios de comunicação de massas e consolidados pelos
sistemas educacionais.(7)
Este estoque de teorias sobre a pobreza e suas possíveis soluções não se
alterou substancialmente desde então(8), mas o tema da pobreza readquiriu importância,
primeiro, porque nenhum dos encaminhamentos propostos nos anos anteriores
funcionou, e, segundo e talvez mais importante, porque os problemas da pobreza
começaram a se manifestar com intensidade nos países industrializados mais
avançados, onde ele parecia ter deixado de existir. Nos países do chamado
"terceiro mundo" o que se presenciou foi que, em quase toda parte,
mesmo quando a economia se desenvolvia, como ocorreu no Brasil, a pobreza
continuava existindo. Muitos países, sobretudo os da África mas também na
América Latina, viram suas economias estagnarem ou entrarem em processo
de involução, ao mesmo tempo em que suas formas mais tradicionais de organização
social e econômica eram destruídas, aumentando os níveis de pobreza absoluta,
violência urbana e situações intermináveis de conflito armado nas áreas
rurais. Nos países ricos, a pobreza aparece, sobretudo, com as novas ondas
de migração internas - como dos negros nos Estados Unidos, para as grandes
cidades do Norte e Nordeste - e externas, das antigas colônias para as metrópoles,
na França e Inglaterra, ou dos países da Europa Central, do Mediterrâneo
e da Península Ibérica para a Alemanha e outros países da Europa Ocidental.
Se, em um primeiro momento, estes imigrantes representavam uma mão de obra
barata e disposta a realizar tarefas não-qualificadas que as populações
locais rechaçavam, eles passaram a competir, depois, pelos benefícios dos
sistemas de previdência social e pelos empregos, ambos em processo de encolhimento.
Além dos imigrantes, a crise do estado de bem estar social e as transformações
tecnológicas na economia criaram novos grupos em situação de pobreza nos
países desenvolvidos, sobretudo entre idosos, jovens e antigos empregados
em atividades econômicas tradicionais, que têm dificuldades em se re-empregar.
As estatísticas de pobreza que se desenvolveram nos últimos anos podem ser
classificadas em dois tipos principais, aquelas que buscam medir a pobreza
absoluta, ou seja, identificar as pessoas que estão abaixo de um padrão
de vida considerado minimamente aceitável, e as que medem a pobreza relativa,
ou seja, que buscam identificar as pessoas que tenham um nível de vida baixo
em relação à sociedade em que vivem(9). Tanto
em um como em outro caso, a renda monetária é utilizada normalmente como
indicador. No caso da pobreza relativa, trata-se de identificar as pessoas
que se situam abaixo de um ponto qualquer na distribuição de renda, definido
arbitrariamente. No caso da pobreza absoluta, trata-se de identificar as
pessoas cujos rendimentos são inferiores ao necessário para adquirir um
conjunto mínimo de bens e serviços considerados indispensáveis. Uma variante
em relação à pobreza absoluta é a chamada "metodologia das necessidades
básicas não satisfeitas" - neste caso, trata-se de identificar as pessoas
que de fato não conseguem satisfazer necessidades essenciais como habitação,
nutrição, educação, saúde, etc., independentemente da renda disponível.
A simplicidade aparente destes conceitos desaparece rapidamente quando eles
são levados à prática. Primeiro, como medir a renda. A fonte usual para
estas informações são as pesquisas domiciliares anuais, como a PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio), mas se se pretende descer ao nível de
municípios ou distritos, a única fonte de informação disponível são os censos
decenais, de periodicidade longa, e limitados a informações sucintas. Populações
mais pobres muitas vezes possuem rendas não monetárias, produzem para o
autoconsumo, ou têm acesso a transferências e doações familiares que não
aparecem nas estatísticas usuais. Famílias de composição diferente têm gastos
distintos. O custo de vida varia de uma região a outra no mesmo país. E,
a rigor, há que decidir se a renda deve incluir ou não benefícios não monetários
na área social como educação, saúde, habitação, transportes subsidiados,
e outros. Depois, o conceito de "necessidade básica", ou "conjunto
mínimo de bens" também é problemático, e sujeito a grandes variações
culturais. Um critério utilizado tem sido a definição de um volume mínimo
de calorias ingeridas pelas pessoas, considerado indispensável. Uma vez
estabelecido este mínimo, deve-se ver o que as pessoas (ou as famílias)
estão ingerindo, e converter em calorias por alguma tabela. Na impossibilidade
de medir diretamente a ingestão de alimentos de cada família (isto só foi
feito uma única vez no Brasil, nos anos 70, com a pesquisa ENDEF (Estudo
Nacional da Despesa Familiar), de onde derivam as tabelas de conversão utilizadas
até hoje), procura-se medir o custo de uma cesta básica de alimentos suficientes
para este total de calorias, fazendo uso das pesquisas de índice de preços,
e depois comparando os valores encontrados com as informações disponíveis
sobre renda monetária, definindo, desta maneira, uma "linha de pobreza"
para determinada região e momento.
Este é só um resumo dos procedimentos necessários para a mensuração da pobreza
absoluta, mas é suficiente para mostrar o grande número de suposições e
mesmo decisões arbitrárias que precisam ser adotadas a cada passo. Estas
suposições e decisões não invalidam, necessariamente, os números obtidos
ao final do processo, que precisam ser avaliados sobretudo em termos de
sua consistência com outras informações relevantes, e por outros procedimentos
estatísticos conhecidos. Mas elas levantam três tipos de questões, que merecem
ser examinadas em mais profundidade.
A primeira é que o resultado final de uma mensuração tão complexa pode não
ser muito diferente do que seria obtido por um método muito mais simples
e direto. O Banco Mundial, por exemplo, em alguns de seus estudos, define
como pobres as pessoas que ganham menos do que um dólar por dia. É um número
arbitrário, mas não necessariamente pior do que medidas muito mais complexas(10).
A segunda é que dados sobre pobreza obtidos em um país dificilmente podem
ser comparados com os de outros, produzidos por metodologias distintas,
a partir de suposições e decisões operacionais também distintas e independentes.
A terceira é que estes dados constituem uma base extremamente precária sobre
a qual os países possam definir "linhas de pobreza" oficiais,
como referência para suas políticas.
Ainda que estas dificuldades sejam conhecidas, vários países têm adotado
linhas de pobreza oficiais, que cumprem inúmeras finalidades. Quando aplicadas
a indivíduos ou famílias, elas servem de critério para distribuição de auxílios
e benefícios sociais de vários tipos; quando aplicadas a localidades geográficas
ou regiões, elas podem servir de base para a definição de prioridades em
políticas de investimentos públicos; quando aplicadas a populações específicas,
elas podem ser utilizadas para políticas compensatórias; e podem servir
de "benchmarks" para o acompanhamento de políticas nacionais
de redução da pobreza. Existem, no entanto, vários inconvenientes, que fazem
com que outros países prefiram não possuir uma linha de pobreza oficial.
O primeiro é o caráter necessariamente arbitrário de qualquer linha de pobreza:
diferentes suposições e decisões metodológicas podem conduzir a valores
distintos, sem que existam critérios objetivos para optar entre eles. Segundo,
uma vez definida uma linha de pobreza oficial, e utilizada para políticas
distributivas, ela fica associada a um grande número de interesses, que
passam a se opor ao aperfeiçoamento ou modificação dos critérios utilizados
inicialmente, pela perda de benefícios ou aumento de gastos públicos que
uma modificação destes números pode significar. Austrália e Estados Unidos
são exemplos de países que adotam linhas de pobreza desde a década de 60,
e têm encontrado dificuldades em reformulá-las, apesar de reconhecerem suas
limitações.
No Brasil, diversos pesquisadores têm utilizado os dados do IBGE para estimativas
de linhas de pobreza, que podem ser adotadas pela administração pública
em suas políticas, mas não existe uma linha de pobreza oficial.(11)
A CEPAL, com base em processamento próprio das pesquisas de domicílios dos
diversos países, afirma que a pobreza na América Latina teria baixado de
41 a 39% da população entre 1990 e 1994, enquanto que o número de indigentes
teria baixado de 18 a 17%.(12)
A grande heterogeneidade dos problemas sugere que os exercícios de mensuração
global da pobreza, e a eventual opção por uma linha de pobreza qualquer,
devem estar associados à identificação dos diferentes tipos de pobreza existentes
em um país, que requerem políticas sociais diferenciadas. De alguma forma,
o estudo mais aprofundado das diferentes condições de pobreza implicam em
uma volta aos antigos dilemas sobre as causas individuais ou estruturais
da pobreza. É necessário poder distinguir aquelas situações que resultam
do contexto maior de que os grupos mais desfavorecidos participam, daquelas
situações em que os problemas da pobreza devem ser tratados no nível dos
próprios grupos afetados. Em um extremo, existem situações em que o mercado
de trabalho não paga baixos salários, ou não abre possibilidades de emprego,
por exemplo, por problemas de competitividade; em outro extremo, os salários
baixos estão associados a baixos níveis educacionais nos trabalhadores,
o que requer uma ação específica sobre o sistema educacional. Estes dois
extremos não são excludentes, já que uma mudança na oferta global de pessoas
bem treinadas deve afetar tanto a competitividade da economia quanto a remuneração
recebida pelos diferentes grupos sociais.
Em muitos casos as situações de pobreza estão associadas a um conjunto complexo
que os antropólogos costumam denominar de "cultura", e que os
médicos denominam de "síndrome". A idéia, em ambos os casos, é
que não se tratam de problemas de causação simples e tratamento também simples,
através da manipulação de uma ou duas variáveis, mas de situações muito
mais complicadas. Existe toda uma tradição de estudos antropológicos sobre
a pobreza que trabalham com o conceito de cultura, seja em populações marginalizadas
na América Latina (como os famosos estudos de Oscar Lewis sobre a família
Sánchez no México, dos anos 60), seja em relação à população dos "ghettos"
urbanos nos Estados Unidos, ou imigrantes na Europa. Uma contribuição importante
destes estudos é que eles permitem entender as estratégias de sobrevivência
das populações pobres; outra contribuição é o entendimento sobre como os
recursos públicos e privados orientados para a solução dos problemas de
pobreza chegam efetivamente aos setores interessados, e sobre as eventuais
dificuldades de adoção de políticas que poderiam mudar as condições de vida
destas populações - pela educação, por exemplo - e que muitas vezes não
conseguem obter os resultados esperados, ou têm resultados negativos, mesmo
quando existem recursos disponíveis.
Um problema comum a estes estudos mais qualitativos é risco de que os problemas
da pobreza terminem sendo vistos como insolúveis, ou até mesmo como preferências
"culturais" de determinados grupos, que deveriam ser deixados
à sua própria sorte. Daí a importância crescente dos estudos que tratam
de entender os síndromes de pobreza e os elementos culturais a elas associados
não como uma característica intrínseca dos grupos afetados, mas como o resultado
de um processo mais complexo de interação entre estes grupos e a sociedade
mais ampla, através do qual as identidades, percepções e pre-conceitos são
construídos e reforçados.
A conclusão é simples, mas nem por isto menos importante. Os estudos globais
sobre situações de pobreza, realizados a partir de estatísticas de grande
representatividade e cobertura, precisam estar acompanhados de estudos em
profundidade sobre grupos e situações específicas, sem os quais políticas
adequadas de redução da pobreza se tornam muito difíceis de ser implementadas
e avaliadas. As formas destes estudos variam, e incluem desde surveys detalhados
como a Pesquisa de Padrão de Vida, realizada em 1996-7 pelo IBGE, como trabalhos
mais qualitativos, realizados por pesquisadores acadêmicos ou associados
a instituições públicas e privadas que atuam na área da redução dos problemas
da pobreza. Neste espectro amplo de trabalho, cabe aos órgãos nacionais
de estatística, como o IBGE, proporcionar os parâmetros quantitativos mais
gerais do conjunto, e ajudar a viabilizar estudos em profundidade dentro
de um leque bastante amplo de metodologias.
Notas:
1. O "expert group" é uma modalidade de trabalho
da Comissão de Estatística das Nações Unidas, que consiste em um conjunto
de representantes de diferentes países que se associam para aprofundar um
determinado tema. O expert group sobre estatísticas da pobreza é presidido
pelo IBGE/Brasil.
2. Sobre as estatísticas da pobreza na Inglaterra, veja
E. P. Hennock, "The measurement of urban poverty: from the metropolis
to the nation, 1880-1920", Economic History Review, 2nd
ser., XL, 2 (1987), pp. 208-227. Veja também "Les Pauvres: comment
les décrire, qu'en faire?", in Alain Desrosières, La Politique
des Grands Nombres, Paris, Éditions de la Découverte, 1993, pp.271-276.
3. Veja a respeito Robert Castel, Le métamorphoses
de la question sociale - une chronique du salariat, Paris, Fayard,
1995.
4. Veja, sobre a introdução das estatísticas sobre desemprego
nos Estados Unidos, "Chômage et inegalités: comment bâtir des objets nouveaux",
in A. Desrosières, op cit, pp. 244-245.
5. Veja entre outros Acedo Mendoza, Carlos, América
Latina, Marginalidad y subdesarrollo, Caracas: Fondo Editorial Común,
1974; Germani, Gino, El concepto de marginalidad: significado, raíces
históricas y cuestiones teóricas, con particular referencia a la marginalidad
urbana, Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, c1973; DESAL, Marginalidad
en América Latina; un ensayo de diagnóstico. Santiago, DESAL, 1969
[c1967]; Margulis, Mario, Migración y marginalidad en la sociedad argentina,
Buenos Aires, Paidós, 1968; Mattelart, Armand. [y] Manuel A. Garretón, Integración
nacional y marginalidad: un ensayo de regionalización social de Chile,
Santiago de Chile, Editorial del Pacifico, 1965; Nún, José, Miguel
Murmis [y] Juan Carlos Marín, La marginalidad en América Latina; informe
preliminar, Buenos Aires: Instituto Torcuato di Tella, Centro de Investigaciones
Sociales, 1968; Quijano, Aníbal, Imperialismo y "marginalidad"
en América Latina, Lima: Mosca Azul Editores, 1977; United Nations.
Economic Commission for Latin América, Bibliografía sobre marginalidad
social, Santiago de Chile, La Biblioteca, 1973; Vekemans, Roger, Ismael
Silva [y] Jorge Giusti, La marginalidad en América Latina: un ensayo
de conceptualización, Santiago de Chile, Centro para el Desarrollo
Económico y Social de América latina (DESAL), 1970.
6. A pobreza urbana, no entanto, sempre existiu nas grandes
cidades latino-americanas, que se formaram sobretudo como centros administrativos
dos impérios coloniais espanhol e português, que sempre atraíram e mantiveram
multidões de pessoas vivendo das sobras do poder político - as "classes
dangereuses" estudadas por muitos historiadores no Brasil e em outros
países.
7. Os principais autores associados a estas teorias sobre
modernização eram Lucian Pye, David Lerner e Alex Inkeles.
8. Ao longo dos anos 60 e 70, as teorias da marginalidade
foram substituídas, na América Latina, pelas da "dependência",
que procuravam buscar explicações e eventuais soluções para a pobreza no
plano das relações internacionais.
9. Veja, para um exame detalhado destas diferentes metodologias,
"Poverty measurement: present status of concepts and methods", documento
preparado por Luis Beccaria para a CEPAL para o "Seminar on Poverty Statistics",
Santiago, Maio de 1997. Veja também Juan Carlos Feres, "Notas sobre la Medición
de la pobreza segundo el método del ingreso", Revista de la CEPAL,
61, Abril, 1997, 119-134; e Sônia Rocha, "On statistical mapping of poverty:
social reality, concepts and measurement", documento de trabalho preparado
para a reunião do Expert Group on Poverty Statistics, Santiago, Maio de 1997.
10. É uma abordagem semelhante à utilizada pela revista
The Economist, de utilizar o preço do Big Mac em dólares para comparar
os valores relativos das moedas dos diferentes países. Este critério é também
utilizado no "Relatório de Desenvolvimento Humano" publicado periodicamente
pelo PNUD.
11. Estimativas sobre o número de "pobres"
no Brasil tem variado, conforme as diferentes metodologias, de 24 s 42 milhões
de pessoas. O número de "indigentes" tem também variado em escala
semelhante.
12. CEPAL, Panorama Social de América Latina, 1996.
Santiago de Chile, CEPAL, 1997.
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