Ao mesmo tempo em que o Presidente Lula assinava o Estatuto da Igualdade Racial, que divide o Brasil legalmente em duas nações, brancos e pretos, os Estados Unidos se viam abalados pelo caso de Shirley Sherrod, que nossa imprensa aparentemente não está noticiando. O contraste é interessante e instrutivo.
Shirley Sherrod era até outro dia alta funcionária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Negra, seu pai foi assassinado pela Ku Klux Kan, e ela dedicou sua vida à causa dos direitos da população negra nos Estados Unidos. Em uma palestra para a NAACP, a antiga associação de Martin Luther King que liderou o movimento de integração racial nos Estados Unidos, era conta como, vinte anos atrás, se deparou pela primeira vez com uma situação em que precisava atender a uma familia branca que estava em dificuldades. Ela, a princípio, ficou na dúvida como proceder, mas entendeu que o direito das pessoas não deve ter cor, a atendeu à família, ajudando para que eles não perdessem a propriedade rural que tinham e que estava ameaçada.
Isto bastou para que a televisão Fox tomasse uma frase do que disse fora de contexto e a acusasse de discriminar os brancos nas suas decisões no Departamento de Agricultura. Acuado, o governo americano a demitiu, e a NAACP também tomou posição contra ela. 24 horas depois, o absurdo da situação se tornou claro, a NAACP pediu desculpas, e o Departamento de Agricultura ofereceu a ela uma nova posição, que ela não sabe se vai aceitar. Os detalhes do caso podem ser vistos no New York Times de hoje.
Duas coisas chamam a atenção nesta história. A primeira é o contraste entre o Estatuto da Raça brasileiro, que pretende colocar as diferenças de raça acima dos direitos das pessoas, trabalhando por uma sociedade segregada racialmente, e a posição da liderança do movimento negro nos Estados Unidos, comprometida com o direito das pessoas, a integração e a eliminaçãoo efetiva das diferenças de raça. A segunda é como a militância a favor da integração é ainda percebida pela extrema direita americana como uma ameaça, manifestada não só pela fraude da Fox, mas sobretudo pela reação amedrontada do governo Obama, que felizmente logo voltou atrás.
Dr. Martin Luther King Jr não tinha filiação com a NAACP e o pai dela não foi morto por um membro da KKK. De onde você tirou isto?
A principal filiação de Luther King era a Southern Christian Leadership Conference, mas ele também trabalhava em conjunto com a NAACP. Veja por exemplo http://www.africawithin.com/bios/martin_luther_king.htm . Quanto ao pai de Sherrod, a informação de que o pai tinha sido assassinado pela KKK apareceu na imprensa. Verificando, o fato é que ele foi assassinado por um fazendeiro branco quando ela tinha 17 anos – não sei se ele era KKK ou não. Veja a nota a respeito em http://www.aolnews.com/article/shirley-sherrods-father-was-killed-by-a-white-farmer/19564467
There is some background that would help the public understand what motivated Sherrod’s comments. I think it has not been publicized in the U.S. media.
After the U.S. Civil War, there were separate Department of Agriculture services for blacks and for whites. That for blacks was almost non-existent, and services commensurately smaller and of lower quality. It was almost impossible to get adequate information on this. Even the University of Wisconsin Land Tenure Center could not give much help in researching this topic. However, the University of Wisconsin did realize the problem, and — I think along with other Land Grant colleges– decided to “partner” with agricultural extension centers or colleges providing the knowledge that would help them to catch up with white farmers.
I believe that this is the situation that Sherrod was trying to address.
Laura, thanks for the explanation.