Como quem não quer nada, o INEP divulgou na Internet as médias dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para todas as escolas do país, com grande repercussão na imprensa. O interessante é que esta divulgação vai no sentido oposto da idéia de que escolas e instituições não devem ser comparadas, de que os processos são mais importantes do que os resultados, de tudo, enfim, que levou à desfiguração do antigo “provão” do ensino superior.
Como medida de avaliação, as médias do ENEM estão longe de ser um bom instrumento. Primeiro, porque, em geral, só fazem o exame os que querem se candidatar para as universidades, e com isto ficam excluídos todos os que repetiram, abandonaram a escola, ou simplesmente resolveram não se candidatar naquele ano. Depois, como acontecia com o “provão”, não há como saber quanto do resultado se deve ao “capital cultural” que os estudantes trazem para a escola de suas famílias, e quanto é de fato acrescentado pela escola em termos de formação. Além disto, não se sabe exatamente quais os conteúdos que o ENEM mede.
Apesar disto, a publicação destes resultados cumpre uma função essencial, que é dar à sociedade uma informação bastante sintética sobre desempenho, e abrir espaço para o debate sobre a qualidade. Justamente o que parece ter desaparecido do ensino superior, aonde o tema das cotas parece dominar todas as preocupações.
Convenhamos: qualquer ranking que essas notas venham a produzir vai produzir pouco ou nenhum efeito significativo na forma como o sistema educacional do Brasil esta organizado. Se torna um input relevante pros que se dirigem ao sistema privado, mas de pouca ajuda pros que nao tem um menu tao variado de opcoes.
O fato ‘e que educacao nao ‘e e nunca foi levado a serio nesse pais, e todo tipo de mudanca que um ou outro venha a propor na tentativa de nos aproximar do modo como a escolas e universidades sao geridas nos paises desenvolvidos, sera prontamente boicotado por “esquerdoides” raivosos com em sindicatos e organizacoes estudantis e lobbistas de empresarios do setor.
Se argumentos baseados numa mistura de egualitarismo infantil com paternalismo debiloide sao capazes de convencer o MEC de que escolas e universidades não devem ser comparadas, sao totalmente vas as esperancas de que bizarrices como universidade totalmente “de gratis”, estabilidade de professores improdutivos, cargos administrativos sendo preenchidos atraves de eleicao etc vao um dia ter fim.
O ENEM tem pelo menos duas vantagens sobre o Provão: as notas não são relativas e portanto´pode-se dizer alguma coisa sobre o nível de conhecimento dos alunos. A outra é que sendo o exame facultativo, desaparece o boicote que em alguns casos podia distorcer os resultados.
Assim como no ENADE somos advertidos pelo INEP de que não se deve fazer comparações entre cursos, mas esta precaução cabe mais para o ENADE que seria um dos tres itens da avaliação, sendo os dois restantes as “condições de ensino” e a avaliação (auto) institucional. Já para o ENEM estamos falando de um mesmo curso,sem a preocupação com os processos.
Quanto ao valor agregado persiste a mesma dificuldade do Provão, que o ENADE tentará resolver. Mas isto não invalida outras informações importantes contidas no ENEM: localiza-se os cursos com os melhores alunos e aqueles quenão conseguem ensinar o mínimo necessario, seja por que motivo for.`
Como 90% dos alunos estão nas redes públicas, o resultado do ENEM serve também para os governos tomarem suas providências