Escreve Geraldo Martins:
Li texto que preparou para a ABMES no qual procura desvendar os mistérios e os equívocos de nosso sistema se avaliação do ensino superior (está disponível aqui). Mais especialmente dessa invenção do então desconhecido “conceito preliminar de curso”. Penso que você foi muito além disso. Desmascarou e quase demoliu por completo essa farsa burocrática.
Tratando-se de um “conceito preliminar”, significa que não tem credibilidade nem para o próprio MEC.
Muito rigorosa e fundamentada a sua análise dos aspectos técnicos que evidenciam as falhas e distorções na definição dos critérios e na construção dos índices utilizados, bem como nos processos de aplicação e aferição dos resultados.
Acredito que um dos aspectos da inconsistência desse modelo avaliativo prescrito pelo SINAES e operado pelo INEP esteja na mistura confusa entre três objetos da avaliação: o estudante, o curso e a instituição. São realidades interligadas ou interdependentes, mas diferentes em comportamento e desempenho. Cada uma tem a sua história, o seu background, a sua individualidade. Não dá para colocar a banana, o agrônomo e a fazenda no mesmo saco! Principalmente se a semente não presta, ou a terra da fazenda é inóspita! E veja que todas as fazendas são diferentes! Há, portanto, que se conceder atenção e análises distintas para o desempenho do estudante, para a organização e estrutura do curso e para a avaliação institucional propriamente dita. O resultado final, sim, poderia propiciar indicações mais confiáveis.
Acho que o texto foi certeiro nas conclusões e no apontamento de novos caminhos (alguns já velhos de tanto serem recomendados). Criar uma agência autônoma de avaliação do ensino superior; descentralizar as avaliações; permitir a criação de agências independentes de avaliação de direito privado; adotar um sistema ou vários sistemas de certificações.
Achei a proposta de desenvolvimento de padrões de competência para as diferentes áreas de conhecimento fundamental, pois não tem o menor sentido aplicar a mesma régua para todos cursos e instituições.
Portanto, é importante criar sistemas múltiplos e flexíveis de avaliação . Como isso é difícil, conviria mesmo credenciar múltiplas agências avaliadoras e deixar a certificação profissional para as agências e sistemas de certificação das diferentes profissões. Mas isso pressupõe autonomia do sistema universitário em relação ao do sistema das profissões regulamentadas. Ou seja, uma desvinculação entre os sistemas de formação e de credenciamento profissional.