A PNAD 2006 mostra um extraordinário aumento de 12% do número de pessoas estudando em cursos de graduação no Brasil em relação ao ano anterior – de 4.684.653 para 5.262.568, um aumento de 578 mil estudantes.
Fui olhar mais de perto o que teria acontecido, e encontrei algumas coisas interessantes. A primeira é que o aumento se deu sobretudo no setor privado, 14%, contra 7% no setor público. Com isto, a proporção de estudantes no setor privado cresceu de 75.1% para 76.3%. Depois, este aumento se deu sobretudo nas faixas de renda mais alta: 17% na faixa de 2 a 3 salários mínimos, 25% na faixa de 3 a 5 salários, e 21% na faixa de mais de 5 salários.
O outro dado é que, em 2005, haviam 316 mil estudantes que eram professores de nível fundamental e médio, e, em 2006, 611 mil, quase o dobro. É aí, principalmente, que está o crescimento, e há uma razão clara para isto, o grande aumento da renda dos professores estaduais e municipais neste período: 20,1% nos estados, e 16,2% nos municípios. Enquanto isto, a renda dos professores no setor privado caiu em média em 4.3%, e seu valor, de 1.237,06 reais, é hoje inferior ao dos professores estaduais, de 1.511,30 (renda média de todos os trabalhos).
Estes aumentos devem estar associados à obtenção dos títulos de nível superior, e os professores ainda sem qualificação estão entrando em grande número nas faculdades privadas para obter seus títulos. Resta saber se, com isto, a qualidade do ensino que os alunos recebem também vai melhorar.
Não precisa somar 100%, porque são as percentagens de aumento dentro de cada faixa de renda, e não a distribução dos novos alunos entre as faixas.
Particularmente, vejo com algumas ressalvas esse crescimento no número de alunos no nível superior em IES particulares e também a entrada desses mesmos estudantes como profissionais da educação. Vejo em meu estado, ES, uma proliferação de cursos de pedagogia e algumas outras licenciaturas, feitos à distância, numa duração de três anos e com reuniões mensais aos finais de semana… Esses dados quantitativos acabam por mascarar as qualidades dos cursos que estão tendo entrada de alunos e jogam o número de formados lá em cima, não se preocupando se isso formará profissionais de qualidade satisfatória para o mercado de trabalho, seja ele qual for.
Eu e o pessoal aqui no NEPP-Unicamp (Cibele e Dachs) já estávamos prevendo o crescimento das matrículas no ES privado, depois de uma desasceleração de 2002 a 2005 (queda na velocidade de crescimento, ainda estava crescendo). Duas razões: Prouni e aumento da renda. O fenômeno é visível aqui em Campinas, há várias novas IES privadas, algumas com cursos de 3 anos (Policamp, eg). Também vemos aqui no próprio ambiente de trabalho, muita gente buscando formação superior, principalmente em informática e em administração. Mas você apontou outro fenômeno, na formação de professores. Interessante.
Como a população de 18-24 anos aqui em SP, e em grande parte do Brasil, já está estabilizada, isso deve indicar uma taxa líquida em torno de 14% no Brasil e de 17% em SP.
Não entendi essa conta, não soma 100%:
“Fui olhar mais de perto o que teria acontecido, e encontrei algumas coisas
interessantes. A primeira é que o aumento se deu sobretudo no setor privado,
14%, contra 7% no setor público. Com isto, a proporção de estudantes no
setor privado cresceu de 75.1% para 76.3%. Depois, este aumento se deu
sobretudo nas faixas de renda mais alta: 17% na faixa de 2 a 3 salários
mínimos, 25% na faixa de 3 a 5 salários, e 21% na faixa de mais de 5
salários.”
R. Pedrosa