Junto com outros ex-presidentes do IBGE, estamos circulando esta nota, instando os membros do Congresso a preservar os recursos para garantir a realização do Censo Demográfico de 2021.
Uma alteração de última hora na proposta orçamentária para 2021 ameaça cancelar o Censo Demográfico decenal que deveria ter sido feito no ano passado, e foi adiado para este ano por causa da Covid, como na maioria dos países do mundo.
Os dados do Censo Demográfico são a base para a transferência dos recursos do Fundo de Participação de Estados e Municípios, para a administração do Bolsa Família e para todas as políticas de educação, saúde e transferência de renda do governo federal, estados e municípios. E é ele, também, que traz confiabilidade para as pesquisas amostrais de emprego, saúde e educação do IBGE e outras entidades públicas e privadas. Nosso último censo ocorreu em 2010, e, sem ele, o Brasil se junta ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia e outros estados falidos ou em guerra que estão há mais de 11 anos sem informação estatística adequada para apoiar suas políticas econômicas e sociais.
O Censo de 2021 deverá ser feito por uma combinação de coletas de dados nos domicílios e de forma virtual e por telefone, fazendo uso das novas tecnologias que o IBGE teve que desenvolver ao longo de 2020 para não interromper suas pesquisas amostrais. A expectativa é que, em agosto, o Brasil já tenha saído ou esteja saindo da epidemia da COVID, e o IBGE vem se preparando para realizar o trabalho fazendo uso de protocolos estritos de proteção sanitária de entrevistadores e entrevistados.
Como ex-presidentes do IBGE, instamos aos senhores Senadores e Deputados, membros da Comissão Mista do Orçamento, que preservem os recursos do censo e não deixem o país às cegas.
Edmar Bacha
Eduardo Nunes
Eduardo Augusto Guimarães
Edson Nunes
Eurico Borba
Sérgio Besserman
Simon Schwartzman
Silvio Minciotti
Não acredito que ainda estejam pensando em realizar esta operação. O instituto deveria primeiro pensar nas vidas dos seus funcionários e a possibilidade de desencadear uma proliferação em todo o Brasil.
Ainda terá o concurso que vai atrair milhares de pessoas, treinamentos… até agosto que vocês falam não teremos nem a metade da população vacinada com este ritmo atual.
Prezado Marcos Silva,
Não somente está pensando como o IBGE tem trabalhado duro no planejamento do censo, que não pode ocorrer de um dia para outro. Além do planejamento do Censo, o IBGE tem também coletado informações importantíssimas sobre a economia e a Covid-19 neste último ano. Mas, inclusive, para continuar coletando informações das pesquisas domiciliares (do setor público e privado), é imprescindible atualizar a enumeração dos domicílios e da população em nível desagregado de setor censitário (o que usamos para amostras de incontáveis pesquisas). Obviamente o IBGE não irá realizar nenhuma operação que coloque em risco a vida de funcionários ou entrevistadores, com tem feito nos últimos anos. Talvez o IBGE tenha que divulgar melhor os procedimentos que têm sido adotados e planejados, para que todos entendam como isto pode ser feito em segurança. Se não fosse por outros motivos, o IBGE dará emprego temporário para centenas de milhares de brasileiros, que provavelmente estão dependendo de auxílio emergencial. Assim, se o corte orçamentário é para usar recurso para gerar emprego, acho que escolheram o bode errado. Não é o bode do censo que estava sujando a sala!