Por não conseguir fazer melhor, faço minha a declaração de voto de Edmar Bacha, publicada na Folha de São Paulo de 22 de outubro de 2014. Edmar, economista, é membro da Academia Brasileira de Ciências e sócio-fundador do Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças. É autor de “Belíndia 2.0” e de “O Futuro da Indústria no Brasil” (Civilização Brasileira). Foi o coordenador da equipe técnica do Plano Real.
Meu voto em Aécio se justifica de duas maneiras. A primeira é que, se Dilma tiver mais quatro anos, acabará de quebrar o país e nos encaminhará para uma séria crise política e social. Não é difícil ver o porquê. Nos quatro anos de seu governo, o crescimento da economia foi o menor de todos os períodos presidenciais completos de nossa história republicana desde Floriano Peixoto.
A culpa desse desempenho medíocre não vem de fora, pois nossos vizinhos sul-americanos (exceto pela Argentina e Venezuela que seguem políticas parecidas com as de Dilma) vão muito bem, obrigado. Neste ano, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser zero, algo inédito na história do país em períodos sem crise cambial.
A culpa também não é da equipe econômica, pois ela apenas executa com docilidade a política determinada em cada detalhe pela presidente. Foi Dilma quem retirou a autonomia do Banco Central; criou um orçamento paralelo de alquimias contábeis entre o Tesouro e os bancos públicos; destruiu a capacidade de investimento da Petrobras e da Eletrobras; aparelhou partidariamente as agências reguladoras; fez os leilões de concessão de infraestrutura se tornarem um fiasco quando não uma fonte adicional de corrupção.
O resultado disso é a queda do PIB, a alta da inflação, a derrubada do investimento, a desindustrialização, o deficit externo e o aumento da dívida pública.
Dilma promete um governo novo, com ideias novas. Mas como faria isso, se está convencida de estar no caminho certo? Se fosse reeleita, continuaria colocando em prática suas arraigadas convicções equivocadas sobre economia e administração pública. O resultado seria manter o país ladeira abaixo, com frustração popular, recessão, desemprego e inflação.
Felizmente, isso não vai acontecer, porque tem Aécio Neves no meio do caminho.
Após 12 anos de “nós contra eles”, que lembram o “ame-o ou deixe-o” da ditadura, Aécio é a esperança de reconciliação nacional. Sua história política é similar à de seu avô, Tancredo Neves, que sempre buscou a união dos extremos, o apaziguamento das diferenças, o convencimento pelo argumento, e não pela força.
Todo o ódio que o marqueteiro de Dilma fez destilar nessa campanha eleitoral sórdida será apagado, e Aécio, como fez em Minas Gerais, governará com competência, sem rancores ou partidarismos.
Por sua experiência no governo de Minas, Aécio sabe que políticas de inclusão social são um imperativo. Apesar da propaganda do governo sobre “a nova classe média”, o Brasil continua a ser uma Belíndia –uma mistura da pobreza da Índia com a riqueza da Bélgica. Dados do Banco Mundial mostram que o Brasil mantém uma das mais desiguais distribuições de renda no mundo.
As informações que a Receita Federal finalmente começa a liberar revelam que a concentração de renda no país é bem maior do que a indicada pelas pesquisas domiciliares (Pnad) e ela não se está reduzindo, ao contrário do que dizem os arautos do governo Dilma.
Aécio sabe também que, para superar a pobreza, ao lado de uma política de transferência de renda é fundamental ter uma estratégia de crescimento –equitativa e sustentável– que leve o país, ao longo de uma geração, ao nível de renda do mundo desenvolvido.
Para isso precisamos restabelecer a estabilidade econômica e o equilíbrio das contas públicas e externas. Precisamos atrair o setor privado para investimentos maciços em infraestrutura, dar a nossas indústrias condições de competir no mercado internacional e, principalmente, melhorar nossos sistemas de educação, segurança e saúde.
Em seu programa de governo, Aécio tem propostas exequíveis para enfrentar esses desafios. Contará com uma equipe de auxiliares à altura da nobre tarefa de refazer a união entre os brasileiros e recolocar o país na rota do desenvolvimento.
EDMAR BACHA, 72, economista, é membro da Academia Brasileira de Ciências e sócio-fundador do Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças. É autor de “Belíndia 2.0” e de “O Futuro da Indústria no Brasil” (Civilização Brasileira)
Por favor, adicione meu nome na concordância com os termos do texto do Edmar.
Abraço, AO
Sendo eleitora de Aécio Neves, acompanho também a declaração de voto de Edmar Bacha.
Eu também acompanho o voto de Edmar Bacha
Boa tarde.
Não sei se vou comentar no lugar certo.
Além do lap que estou usando ser velho a prometida “banda” de internet parece tomada por um comportamento bi ou multipolar.
Mas , votar em Aécio ? Equivale , com estão dizendo por aí , a votar “no menos pior” ? Não creio .
Alguns assuntos, muito sérios , estratégicos mesmo, passaram por abordagens diáfanas , um tanto nefelibatas ou mesmo puramente demagógicas. Ou , ainda, sequer foram abordados.
Ficar repetindo , a ponto de virar piada, o tema do PRONATEC, foi fuga da realidade ou tentativa de pintá-la de cor de rosa ? Dada a realidade, quer do PRONATEC quer a realidade em si , me parece escapismo político desinformado e desinformante.
A propósito deste programa – que já deveria ser uma política de estado e não algo transitório , não se levantou ou mesmo discutiu se nosso país está enfrentando uma desindustralização precoce.
O discurso avassalador , a “tratoragem” do(s) adversários , certamente não ajudou em nada.
E a nossa combalida indústria ? O que de fato aconteceu com ela ? Há remédio ? Qual ? Eu gostaria de saber. Gostaria de ter ouvido algo a respeito.
Como permaneço no escuro , sem saber o que pensam os candidatos, vou votar , sim , no menos pior. Prerrogativa de quem vive , ainda, em uma democracia.
Cordialmente , AJS Campello