Os dados da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) de 2009 permitem saber algo sobre o que ganham de fato os professores no Brasil. O quadro abaixo dá a estimativa da renda média mensal de todas as fontes de pessoas que trabalham em atividades de ensino, conforme o nível em que ensinam e o setor em que trabalham. Em comparação, a renda média de todos os trabalhos de quem tinha nível superior no Brasil em 2009 (15 ou mais anos de escolaridade) era de 3.041,00 reais. Dos cerca de 3 milhões de professores que aparecem na PNAD, 2 milhões tinham nível superior, e isto inclui todos os que ensinam acima da 4a série da educação fundamental. Metade dos professores das primeiras series ainda têm nível médio, assim como grande parte dos professores de educação infantil, profissional e livre (fora de escolas regulares).
Prezado Simon:
Muito oportuno o estudo.No entanto, renda é diferente de salário.Neste caso,não estaria subsumida, na renda média mensal,a dupla jornada de trabalho, sobretudo para docentes do ensino Fundamental?
Atenciosamente,
Ana Maria de Rezende Pinto
Prezado,
Esses valores são normalizados por carga horária? Na rede particular os professores geralmente são contratados por aula, então a média de carga horária pode ser bem diferente daquela na rede pública onde se tem o padrão de contratação por 20 ou 40 horas. Esses valores estão levando isso emconta? Sem saber isso esses dados não permitem nenhuma análise significativa.
Além disso tem a questão das regras e condições de trabalho, em especial no que diz respeito à carga horária em sala de aula. Na rede privada, municipal e estadual o “professor de 40 horas” fica 40 horas EM SALA DE AULA e o salário já inclui (supostamente) o planejamento (que na prática tem que ser feito nas horas vagas e fins de semana). Na rede federal um professor de 40 horas passa 20 em sala de aula e tem 20 horas para as demais funções. Tenho quase certeza que os valores acima não levam esse aspecto em conta. E isso torna extremamente enganador comparar os salários,especialmente no ensino superior.
Saudações.
Prof. Schwartzman,
Eu não questiono em uma linha sua pesquisa. Porém, gostaria de fazer uma avaliação do caso particular da minha universidade.
Sou da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, e estamos para entrar em greve (a Associação silaniza que será em 31/05), mas já sabemos do resultado, independente da assembléia geral que será realizada em tal data.
Acontece que estão já em greve os professores do ensino médio do estado, os policiais militares, a saúde, o DETRAN e não sei mais quantas categorias. Depois da substituição da governadora Wilma Farias, a nova empossada Rosalba Ciarlini negou qualquer negociação com nossa associação. O secretário da Administração/Planejamento pediu um ano para por as coisas em ordem, já que a governadora anterior deixou um BI de rombo no estado.
Diante de uma conjuntura como essa, em que setores mais “visíveis para a mídia e público em geral” do serviço público estão em greve (polícia militar, saúde e profs. do ensino médio), me parece que os professores universitários de uma universidade estadual (considerada mais um problema dispendioso pelo Gov do Estado do que um local de produção de conhecimento e de contribuição para o desenvolvimento do estado, pelo menos na minha história de universidade local, 12 anos). são um problema menor.
Eu vejo uma repetição de uma “vergonha” recente e anterior, mas os discursos a la 1968 continuam. Me sinto muito angustiada com isso porque os alunos estão reproduzindo o discurso de alguns professores, de qualidade do ensino etc., quando por minha experiência esta qualidade muda muito pouco com aumento de salário. É o que vejo desde minha graduação.
Tenho um monte de outras coisas pra falar, mas como dizem os “discípulos” de Morin, é tudo tão complexo – e realmente é – que não dá para julgar uma realidade local pelos parâmetros do ensino superior do restante do Brasil. Vi muitas vezes fóruns de pró-reitores de pesquisa e de ensino sequer falarem em universidades estaduais, só federais. Acho que estamos largados a nossa própria sorte e do que vai pela cabeça de cada governador de estado eleito e reeleito (exceto os de S. Paulo – USP e Unicamp) que desejam manter essas instituições como referências.
Bem, sequer sei como terminar este desabafo.
Um abraço,
Cristina Barreto
Profa. Adj. IV (e sem perspectiva de melhoria funcional) da UERN.