A PNAD de 2009 encontrou 580 mil pessoas que tinham completado cursos de pós-graduação, em comparação com 320 mil em 2002, um aumento de 81%, maior do que o de pessoas com curso de graduação, de 65%. O dado da PNAD não permite distinguir os diferentes tipos de pós-graduação – lato senso, especialização, mestrado, doutorado, etc. Mas o que explica esta grande busca pela pós-graduação é o ganho de renda que ela significa. Em 2002, ter uma pós-graduação significava ter uma renda do trabalho 80% maior do que os que só tinham graduação. Em 2009, esta diferença havia aumentado para 100%, o dobro. Isto, de alguma maneira, compensa o fato de a renda relativa das pessoas de educação superior em 2009 seja menor do que a de 2002.
Com o crescimento da pós-graduação, a composição social dos pós-graduados também se alterou. Em termos de cor, 87% dos pós-graduados em 2002 eram brancos; em 2009, eram 79%. Os pardos e pretos, que eram 12%, passaram a 20%. O próximo passo será olhar em que áreas estas pessoas trabalham.
Essa ampliação certamente inscreve-se no quadro geral de aumento da participação do setor privado na oferta de pós-graduação (especialmente mestrados). Entre 2000 e 2008 (Capes), as ies privadas aumentaram a fatia de 12% para 20% na oferta de programas de mestrado (em prejuízo das públicas, que diminuiram neste nível de pós) Como vc bem notou, precisamos ver mais de perto as áreas que estão sendo contempladas nesta “democratização” do acesso à pós-graduação.Temo que seja apenas uma “retroalimentação” do próprio sistema de ensino superior no cumprimento de suas exigências legais.
O que dizer daqueles pesquisadores que, como eu, atingiram um bom grau de conhecimento (doutorado), mas, seja pelo patrimonialismo que caracteriza nosso país, seja pelo excesso de burocracia e desorganização de nossas instituições, não conseguem colocação profissional. Doutor em Sociologia, dou aulas de inglês. Por sorte sei fazê-lo, do contrário, estaria trabalhando no posto de gasolina aqui perto de casa. Brasil!